DERMI AZEVEDO - UMA VIDA POR UM IDEAL PELO QUAL VALE A PENA MORRER

Julgo da maior importância dizer aqui umas palavrinhas sobre esse gigante pela própria natureza chamado Dermi Azevedo. Como irmão de longos e bem acalentados anos, ele é um amigo. E como amigo, nessa trincheira da vida social embrionária em termos de justiça social, ele é um irmão. Não é tarefa simples falar de uma pessoa assim. Escrever é a arte de unir razão e emoção, para extravasar reflexão e consciência. Os escritos e a prática do Dermi produziram sempre isso em todos os lugares por onde passou. Desde o diretória da Faculdade de Jornalismo de Natal até o Núcleo Maximiano Kolbe. Sortudo como poucos, teve na juventude influência total do mestre Paulo Freyre, que chegou a ser nosso amigo pessoal inclusive, no âmbito da Universidade Metodista de Piraciaba, nos velhos e gloriosos tempos em que o solidário reitor Elias Boaventura o apoiava a partir da direção do então revolucionário Curso de Comunicação, onde estudei jornalismo. Dali para cá, era 1979/80 nunca mais nos separamos. Enfrentamos diversas adversidades pelo caminho, fundando e disputando espaço em instituições como a UCBC (União Cristã Brasileira de Comunicação Social), INTERCON, AGEN (Agência Ecumênica de Notícias), que era uma espécie de Reuters, CNN, da então chamada mídia alternativa, jornais e rádios que levavam o selo e produção local, ali na comunidade. CESE (Coordenadoria Ecumênica de Serviços). CNBB muitos outros órgãos. Sou pai de um jovem solidário de 25 anos, enfronhado na busca popular de construção da justiça e igualdade entre os seres. Esse filho,l por obra de Deus, é um cineasta premiado em 58 paises com o filme "O VESTIDO DE MYRIAN", estrelado pela atriz Camila Amado e por Tonico Pereira. Ganhei a sorte de nessa vida reconhecer o talento, o caráter e os efeitos dos amigos admiráveis. Cada um tem o seu foco de merecimento. O maior deles para mim é o Dermi Azevedo, em cujo lar fui recebido para morar num tempo transitório em que não sabia direito se encararia a carreira eclesiástica. Lembro-me do dia da decisão, assustado o Dermi chorou. Foi num lanche de fim de tarde na rua Barão de Limeira, Barra Funda, São Paulo, nas proximidades da redação da Folha de São Paulo, onde ele escrevia diariamente quase duas páginas de noticias de interesse público sobre a relação da Igreja Católica com o finado Governo Militar. Na Folha Dermi eraa considerado, sua criatividade produzia bons efeitos nas campanhas de assinatura e vendas avulsas nas bancas. Tinha a mesma proximidade com o Cid Moreira que parava o Brasil com seu vozerio maravilhoso no Jornal Nacional. os dois tinham tamanho nacional, Mas, orgulho assim confesso que sentia andando com o Dermi, por causa do compromisso com a solidariedade; também por entender que o mundo precisa muito de jornalistas que vejam a vida a partir dos que precisam, dos marginalizados, dos que labutam por mudanças. Cid Moreira não tem culpa alguma de nada disso, o Armando Nogueira sim, mas o Jornal Nacional continua o mesmo que eles faziam, do ponto de vista editorial e ideológico. Nada mudou. A mudança vem sempre do pobre, do fraco, do oprimido, do ser negado. Um ser humano sem teto nas ruas as vezes tem mais tem mais força para sonhar e desejar mudanças. Na Bíblia e na história tudo se transforma a partir do pobre, do órfão, da viúva e do estrangeiro. E surgiu nesses tempos um tipo de estrangeiro de sua própria terra, considerando ser esse um ser negado, um ser excluído de seus direitos, direitos humanos que Dermi ensina com determinação como cientista político e operário da informação. Mas vem ai "APAVORADO PERMANEÇO ATENTO", criação, roteiro, decisão, produção e direção do Lucas Rossi e seu inseparável cineasta Henrique Abud, com acompanhamento da professora Elis Reginal ALmeida, esposa atual do Dermi e do premiado escritor Estevão Azevedo, filho caçula dele. Essa postagem é só um começo do que representa essa vida amiga entre Dermi Azevedo, sua família e eu. E da imensa alegria que nutre nossos corações nessa hora em que um filme sobre Dermi vai circular o mundo nos festivais de cinema, fruto de um reconhecimento de sua linda história de solidariedade cristã e apego à justiça para todos. Tamo junto. Tenho dito.